Uma gestante em minha vida
Não vejo a hora de você chegar com saúde rsrsrs..., eu vou narrar um fato do período em que iniciei na profissão como ACS para depois contar como mudou o meu trabalho com as gestantes. Nas visitas quando eu era informada da gravidez geralmente as gestantes já estavam entre 4 a 6 meses de gestação e ainda não tinha iniciado o pré-natal, isso acontecia com frequência em um certo período, eu orientava para ir a unidade de saúde para agendar a consulta. Nessa época a gestante ou um familiar tinha que ir em uma sexta-feira pela manhã na fila para tentar o agendamento. Com passar do tempo vi que não conseguia acompanhar todas e perdendo assim muitas informações desse período gestacional delas e acabei não auxiliando algumas.
Organizei meu trabalho, como já podia contar com com algumas famílias cadastradas da minha microárea como meus parceiros, transformei essas famílias em multiplicadores, ampliando assim a identificação mais precoce possível das possíveis gestantes na minha área. Para minha alegria foi uma das sementes que plantei que dá até hoje bom frutos, as mulheres conversam comigo e se tiver suas dúvidas pedem minha ajuda e no dia a dia delas se uma comenta algum sintoma referente à gravidez a outra logo fala procura a ACS ROBERTA.
Assim acompanhei melhor as gestações pois conseguia capitá-las ainda no primeiro trimestre de gestação, porém era difícil vê-las na fila todo mês para marcar o pré-natal. Assim, mesmo melhorando a tática de identificá-las muitas não faziam mais do que 4 consultas.
No final de 2006 para início de 2007 cadastrei um casal, a mulher que vou chamá-la de “Camélia” tinha 20 anos, seu esposo 22, estavam morando em um cômodo de alvenaria sem reboco com o banheiro, eles eram recém-casados, compraram o lote e logo construíram a casa no local. Esta família ficou comigo cadastrados por 8 anos, depois de um tempo mudaram para perto de outros familiares. “Camélia” engravidou e fez somente quatro consultas de pré-natal, nas minhas visitas tentava o meu melhor mas ouvi-la falar da fila e das consultas era difícil mas tinha que motivar a fazer, pois era a saúde do pequeno e dela. Certa manhã recebi notícia que “Camélia” não estava bem e havia indo para maternidade, ela ainda estava com aproximadamente com 7 meses de gestação. Veio ao mundo então seu primeiro filho, um menino que nasceu prematuro, com baixo peso, teve que ficar internado para ganhar peso e receber os devidos cuidados. Quando ela e seu filho receberam alta e vieram para casa foi uma alegria tremenda. Tinha uma coisa que eu gostava muito, ela gostava de ouvir de mim:
“Mesmo com toda dificuldade e sendo nova eu admirava pois estava se saindo uma excelente mãe, mesmo com todas as dificuldades sempre estava com sua casa limpa e arrumadinha, podia ter três lençóis, um sempre estava no varal outro na cama e outro guardado, o bercinho sempre arrumado, você é uma guerreira”.
“Camélia” e sua família hoje não moram mais no bairro, porém sempre tenho notícias de todos, seu filho hoje com 13 anos tem mais irmãos, ela sempre que pode vem visitar uma amiga na aqui na comunidade assim tenho notícia dela, sem contar dos contatos pelas redes sociais.
Postado em: 19/01/2020
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Sou Roberta Fernandes Pereira, tenho 50 anos, sou casada, tenho três filhos, moro no bairro Vale do Sol em Viana-ES há 27 anos. Sou Agente Comunitária de Saúde há 15 anos. Minha micro-área faz parte da equipe da Unidade de Saúde do bairro Areinha. "Falar da minha profissão é difícil por sentir as emoções a flor da pele, sei dizer que gosto muito, há dificuldades sim, mas a tempos eu tenho olhado tudo como uma boa oportunidade de por em AÇÃO todo meu conhecimento e assim promover a saúde."