Em 1994, um jovem americano de apenas 17 anos, chamado Mike Emme, tirou a própria vida dirigindo seu carro amarelo. Mike era conhecido por sua personalidade caridosa e por sua habilidade mecânica. Restaurou um Mustang 68 e o pintou de amarelo. Mike amava aquele carro e por causa dele começou a ser conhecido como “Mustang Mike. Seus amigos e familiares distribuíram no funeral cartões com fitas amarelas e mensagens de apoio para pessoas que estivessem enfrentando o mesmo desespero de Mike, e a mensagem foi se espelhando mundo afora. Os pais de Mike, Dale Emme e Darlene Emme, iniciaram a campanha do programa de prevenção do suicídio "fita amarela", ou "yellow ribbon”.
10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio por iniciativa da International Association for Suicide Prevention, a partir disso, o Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) tiveram a iniciativa em 2015 de criar uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio.
No mundo todo, aproximadamente uma pessoa se mata a cada 40 segundos. Só no Brasil, o suicídio é a quarta causa mais comum de morte de jovens. O assunto é um tabu. Não falamos dele. A mídia evita por medo de aumentar os números, as pessoas evitam por medo do assunto em si e com isso, acabamos cortando o diálogo necessário.
"Falar sobre suicídio é importante. É uma questão de saúde pública e é extremamente necessário"
Existe o mito de que a pessoa com pensamentos suicidas não dá sinais, mas isso não é verdade e aqueles próximos podem perceber. É extremamente raro que um suicídio ocorra sem sinais .Não existe uma maneira certeira de se identificar alguém em uma crise suicida, mas detectar estes sinais pode ser a diferença entre a vida e a morte.
Quando uma preocupação com a própria morte surge de maneira repentina, pode ser um sinal. Visões negativas, ideias expressas em escrita, por fala ou desenhos, podem significar que a pessoa está pensando em suicídio.
Comentários como os seguintes podem ser sinais de pensamentos suicidas:
⇒ “Vou desaparecer”;
⇒ “Queria nunca mais acordar”;
⇒ “Vou deixar vocês em paz”;
⇒ “É inútil tentar mudar, só quero me matar”.
Preste atenção se qualquer um destes comentários aparecer, especialmente se a frequência deles aumentarem.
Pessoas com pensamentos suicidas tendem a se isolar, não atendendo telefonemas ou cancelando eventos e atividades, mesmo as que costumavam gostar de fazer. Preste atenção especialmente se algum isolamento surge de maneira repentina. Mesmo pessoas naturalmente mais introvertidas podem demonstrar este sinal.
Seja compreensivo. Estes indicadores não são ameaças ou chantagens, mas sim, avisos. Converse com a pessoa e incentive a busca de ajuda profissional.
O Setembro Amarelo é uma campanha que busca trazer o diálogo e prevenir o suicídio. 90% dos suicídios poderiam ser evitados com ajuda psicológica. A maioria deles é causada por doenças mentais que não são tratadas porque muita gente nem sabe que precisa de tratamento. Aproximadamente 60% das pessoas que morrem por suicídio não buscam ajuda.
Já pensou se isso se aplicasse a outras doenças? Imagine se 60% das pessoas com fraturas não fosse ao médico ou se 60% dos pacientes com apendicite não se tratasse e você vai perceber que é estranho que tanta gente não busque ajuda. Isso porque nós, como sociedade, não falamos do assunto, não informamos as pessoas. Cerca de 17% dos brasileiros já pensou seriamente em suicídio. 4,8% deles já elaboraram um plano para isso.
O objetivo do mês de prevenção do suicídio é conscientizar as pessoas deste problema tão grave, que tira tantas vidas todos os anos. O setembro amarelo é um mês de diálogo. É um mês que busca criar conversas sobre o assunto, deixar as pessoas que sofrem com pensamentos suicidas saberem que elas não estão sozinhas e que a morte não é solução.
O Setembro Amarelo busca salvar vidas através da informação e da conversa sobre este assunto sério que ainda é um tabu. Então...
...pare, olhe
e escute!
Postado em: 15/09/2018
Vera Carla, Assistente Social por vocação, feminista, sonhadora, formada em Serviço Social pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) em 2007.