AMAMENTAÇÃO EM PÚBLICO: aplicabilidade da lei
Postado em: 28/02/2016
O aleitamento materno tem múltiplas vantagens bastante conhecidas e de consenso mundial de que sua prática exclusiva é a melhor maneira de alimentar uma criança até os seis meses de idade. É fonte importante de nutrientes, não é diluído, não é contaminado e está sempre pronto. A prática da amamentação exclusiva traz inúmeros benefícios, não só para a criança, mais também para a mulher-mãe, bem como economia para a família.
Amamentar é algo natural dos mamíferos, ato que é simples e nato da espécie, porém não é com essa máxima que se vê parte da sociedade, visto que ocorre ainda em diversos lugares do mundo e notoriamente vem acontecendo no Brasil casos identificados por várias matérias que são publicadas quase que diariamente nas mídias e redes sociais sinalizando atos de proibição da amamentação em público nos estabelecimentos privados e até mesmo em locais públicos, como foi o caso da modelo Priscila Navarro Bueno de 23 anos que foi impedida de amamentar em público no Museu da Imagem e do Som, mantido pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.
Estudos científicos preconizam o Aleitamento Materno Exclusivo até o sexto mês, não sendo necessário o uso de mamadeiras, chupetas e até mesmo água. A duração do aleitamento materno pode ser favorável ou restrita por fatores biológicos, culturais relativos à mulher. Ofertado à criança em livre demanda, ou seja, quando a criança queiser.
Infelizmente, parte da sociedade se depara em tabus e atos ultrapassados que por vezes ferem o que legalmente está garantido por lei e em recomendações de especialistas da área. Passam a enxergar, ou ter em mente, um ato constrangedor ou até mesmo admirando não o ato em si, mas extrapolando as barreiras da razão tendo em mente a mulher como um “símbolo sexual”. E ainda imaginar que esses atos de reprovação não partem somente da parte masculina da sociedade, mas também da ala feminina, onde há relatos de mulheres que foram abordadas por outras pedindo-as para que se cobrissem com uma “toalhinha”.
Em forma de protesto, e objetivando informar e chamar atenção das autoridades e sociedade como um todo, grupos pelo Brasil afora organizam movimentos de manifesto chamado de “mamaço”. Pois bem! Para garantir a lei deve-se chamar a atenção? Não deveria ser normal? Ainda estamos em uma sociedade conservadora a ponto de ser necessário organizar um manifesto para que um ato natural do ser humano seja aceito pela sociedade, é benéfico e não fere ao outro, a não ser as mentes poluídas e mergulhadas no ócio.
Acima de tudo isso, temos os heróis da sociedade que auxiliam e reforçam os times da lei, criando mais uma dentre tantas a fim de assegurar o cumprimento das demais, gerando multas e dando uma falsa sensação de dever cumprido. E como mudar a mente daquele que desde criança é “metralhado” pela sociedade com atos de discriminação, racismo, pré-conceitos? Não se deveria pensar em mudar tão somente na ponta o problemas, mas também na raiz do problema? Como fica a educação dos jovens? Devermos esperar que cresçam para posteriormente serem forçados a aprender?
As leis são válidas, mas seus excessos tem tanto beneficio assim? Não deveria efetivar as que já existem? Não deveriam ocorrer de fato as fiscalizações? Ter a lei e não ter quem as fiscalizem e as façam de fato serem cumpridas é meramente simbologia de ter letras digitalizadas em papeis, fato este sem utilidade.
"Pois bem", não sou contra as leis, não sou contra a amamentação, não sou contra os protestos, mas sou contra a ineficiência das informações passadas para a sociedade, que está velha e vive resmungando pelos cantos sem de fato fazer algo útil para mudar as políticas e a política imposta e aceita por nós.
Edilon Miranda
Enfermeiro-ESF