A SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO BÁSICA (AB)

A SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO BÁSICA (AB)

 

No ano de 2006, o Comitê de Segurança do Paciente da Europa reconheceu a necessidade de considerar a segurança do paciente como uma dimensão da qualidade em saúde em todos os níveis de cuidados de saúde, desde a promoção da saúde até o tratamento da doença. Embora a maioria dos cuidados seja prestada no nível da AB, as investigações sobre a segurança dos pacientes têm sido centradas em hospitais (SOUZA, 2006 ; MENDES, 2012).

Os cuidados hospitalares são os de maior complexidade e é natural que esse ambiente seja o foco inicial dessas investigações. Contudo, os cuidados na AB também ficaram mais complexos e, nas últimas décadas, a concepção de que a baixa densidade tecnológica é incompatível com as funções de uma AB de qualidade vem se fortalecendo. Com o aumento da complexidade tecnológica, houve uma ampliação das funções clínicas da AB, ou seja, os cuidados que eram prestados em outros níveis de atenção passaram a serrealizados nesse nível de atenção (SOUZA, 2006 ; MENDES, 2012).

A APS é a porta de entrada para alguns sistemas de saúde e é o nível de atenção mais utilizado pela população. Entretanto são poucos os estudos voltados à segurança do paciente na APS, sendo a maior parte deles existentes centrada no erro e não na sua consequência, o Evento Adverso (EA) (MENDES, 2012).

Em revisões de literatura os incidentes mais comumente encontrados na AB foram: devido aos erros de diagnóstico (26%-57%), erro no tratamento (7%-37%), ao tratamento medicamentoso (13%-53%), decorrente da forma da organização do serviço (9%-56%), e à comunicação entre os profissionais e os pacientes (5%-72%) (MENDES, 2012).

Entre os diversos cuidados imprescindíveis para a segurança do paciente na AB estão alguns procedimentos básicos que precisam ser adaptados para o contexto domiciliar e que devem ser adotados rigorosamente, tanto pela equipe assistente, quanto pelos cuidadores, que, na sua maioria, são informais, em geral os próprios familiares. Os mais importantes e frequentes são: precauções básicas padronizadas, prevenção de infecções, prevenção de lesões por pressão, cuidados na administração de medicamentos, cuidado com a ambiência adequada, prevenção de quedas, convivência com animais de estimação e por fim a qualificação do cuidador (BRASIL, 2016). 

Para garantir a efetivação de práticas de segurança no cuidado à saúde no domicílio, é necessário estabelecer um fluxo de notificação de incidentes ou eventos adversos que contemple os princípios da cultura justa, garantindo a preservação da identidade do usuário e dos profissionais envolvidos e que vise à aprendizagem com as falhas e a solução dos problemas identificados (BRASIL, 2016).

 

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Hospitalar e de Urgência. Segurança do paciente no domicílio / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Hospitalar e de Urgência. –Brasília : Ministério da Saúde, 2016.

MENDES, E.V. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da consolidação da estratégia da saúde da família. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2012. p. 512.

SOUSA, P. Patient Safety - A Necessidade de uma Estratégia Nacional. Qualidade em Saúde. Acta Med Port 2006; 19: 309-318.

 

 

Postado em: 04/03/2018

Por: Edilon Miranda (Enfermeiro)