A importância da efetivação da puericultura na ESF

A importância da efetivação da puericultura na Estratégia Saúde da Família

 

Postado em: 28/03/2016

Por: Edilon Miranda (Enfermeiro-ESF)

 

A Estratégia Saúde da Família (ESF) visa à reorganização da atenção básica no País, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde, e é tida pelo Ministério da Saúde e gestores estaduais e municipais como estratégia de expansão, qualificação e consolidação da atenção básica por favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e fundamentos da atenção básica, de ampliar a resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante relação custo-efetividade (BRASIL, 2011).

 

A ESF é desenvolvida por meio de um conjunto de ações práticas que requerem grande pluralidade de atitudes, habilidades e conhecimentos técnicos e científicos de relativa baixa complexidade. Constituindo assim como o ponto inicial do Sistema Único de Saúde (SUS), servindo-se de base aos outros níveis de atenção a saúde.

 

No contexto do paragrafo anterior, como ponto inicial de atenção a saúde, entende-se que a puericultura é a área que cuida do crescimento e desenvolvimento da criança, abordando promoção da saúde, a imunização e os cuidados alimentares saudáveis com foco principal de que uma criança sadia é a esperança de um adulto saudável (FRAGA, et al, 2008).

 

O termo puericultura significa: Puer = criança e cultur/cultura = criação, cuidados dispensados a alguém. É importante destacar que a expressão puericultura ganhou força ao ser trabalhada pelo médico francês Caron, que, em 1865 observou na prática de que grande parte das crianças internadas nos hospitais de Paris poderia ter sido evitadas se suas mães tivessem recebido orientação de como cuidar de seus filhos (RICCO, 2000).

 

A primeira consulta do recém-nascido deve ocorrer na sua primeira semana de vida, que constitui um momento propício para estimular e auxiliar a família nas dificuldades do aleitamento materno exclusivo, para orientar e realizar imunizações, para verificar a realização da triagem neonatal, para estabelecer ou reforçar a rede de apoio à família, para salientar a importância da verificação da Caderneta de Saúde da Criança, para a identificação de riscos e vulnerabilidades ao nascer e da avaliação da saúde da puérpera (BRASIL, 2004; SOCIEDADE..., 2006, BRASIL, 2012).

 

O Ministério da Saúde recomenda sete consultas de rotina no primeiro ano de vida (na 1ª semana, no 1º mês, 2º mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 12º mês), além de duas consultas no 2º ano de vida (no 18º e no 24º mês) (BRASIL, 2012).

 

Nas consultas é fundamental que o profissional de saúde e a família da criança estabeleçam uma relação de confiança ao longo do acompanhamento através da puericultura. Mesmo que no referido momento o foco principal seja a criança, é difícil avaliar o bem estar dela sem prestar atenção no bem-estar da mãe e/ou responsável (BRASIL, 2012).

 

ATRIBUIÇÕES COMUNS A TODOS OS PROFISSIONAIS DA ESF NA PUERICULTURA (BRASIL, 2012):

  1. Agir de forma planejada e dentro do espírito do trabalho em equipe, de acordo com o que está disposto na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), particularmente em relação aos papéis específicos dos vários membros da referida equipe; 
  1. Participar do planejamento, do monitoramento e da avaliação das ações desenvolvidas; 
  1. Participar do processo de educação permanente em saúde; 
  1. Realizar visitas domiciliares e participar de grupos educativos e de promoção da saúde, como forma de complementar as atividades clínicas para o cuidado dos escolares, sobretudo para grupos mais vulneráveis a determinadas situações priorizadas pela equipe; 
  1. Orientar as famílias sobre a necessidade de realização das vacinas conforme o estabelecido neste Caderno de Atenção Básica, quando indicadas; 
  1. Contribuir para o desenvolvimento de políticas locais que assegurem e fortaleçam ambientes escolares saudáveis e que considerem a oferta de alimentação saudável e adequada, a proibição do uso de drogas lícitas e ilícitas, o estímulo às atividades físicas e esportivas, o acesso à água tratada e potável, bem como o incentivo à adoção de medidas que diminuam a poluição ambiental, visual e sonora; 
  1. Colaborar com a implementação de políticas locais que permitam o acesso adequado de crianças deficientes aos estabelecimentos escolares e os amparem em seus direitos, além de garantir a sua segurança; 
  1. Identificar as famílias de crianças que estejam inseridas no Programa Bolsa Família, bem como acompanhar suas condicionalidades.

 

 

Referências:

  

  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Agenda de compromissos para a saúde integral da criança e redução da mortalidade infantil. Brasília, 2004. 
  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança : crescimento e desenvolvimento / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2012. 
  1. FRAGA, J. M. CONSULTA DE ENFERMAGEM EM PUERICULTURA EM UMA CRECHE EUNICE: UMA ATIVIDADE DE PROMOÇÃO DA SAÚDE. In: IX Semana de Iniciação Científica/UnilesteMG "Conhecimento: base para o desenvolvimento sustentável". Coronel Fabriciano-MG - 29/09/2008 a 01/10/2008. 
  1. RICCO, Rubens Garcia. Puericultura: princípios e práticas: atenção integral à saúde da criança. São Paulo: Atheneu, 2000. 
  1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Manual prático de atendimento em consultório e ambulatório de pediatria. 2006. Disponível em: <http://www.sbp.com.br/?s=Manual+pr%C3%A1tico+de+atendimento+em+consult%C3%B3rio+e+ambulat%C3%B3rio+de+pediatria> Acesso em: 4 março 2016.